Ator fala sobre a decisão de não ter redes sociais, de surf, família e Rio de Janeiro
Nascido em Minas Gerais, criado na Bahia e há mais de vinte anos morador do Rio de Janeiro, Vladimir Brichta conta ter sido uma criança agressiva que encontrou no teatro um pouco de equilíbrio. Foi nos palcos que ele achou também a primeira mulher, a cantora Gena Carla Ribeiro, com quem teve a primogênita Agnes, hoje parceira de atuação na novela "Quanto Mais Vida, Melhor!".
Viúvo muito cedo, ainda aos 24 anos, nosso entrevistado começou a se destacar para o grande público depois de uma década de ralação com a peça "A Máquina", que também revelou os parceiros Wagner Moura e Lázaro Ramos. Seu primeiro papel na televisão veio um ano depois, em 2001, na novela "Porto dos Milagres". Depois ainda fez o inesquecível Armane, o vendedor de bugigangas de "Tapas e Beijos", além de uma série de outros papéis de destaque em novelas da Globo que lhe renderam a alcunha de galã-cômico. "O elogio ou a pecha de galã não me incomoda. Sabia que era um lugar que poderia ocupar e que faria isso da melhor forma possível", diz.
Nos cinemas, interpretou brilhantemente o personagem principal de "Bingo", filme inspirado na vida de Arlindo Barreto, o palhaço Bozo. Casado atualmente com Adriana Esteves, ele ainda se prepara para estrear o mais novo filme de Júlio Bressane, "Capitu e o Capítulo".
Em um papo com o TRIP FM, Vladimir falou da decisão de não ter rede social, de surf, família e Rio de Janeiro. Confira no play abaixo ou leia um trecho a seguir.
[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2022/02/61fd9595a0751/vladimir-brichta-ator-tripfm-mh.jpg; CREDITS=undefined; LEGEND=undefined; ALT_TEXT=undefined]
Trip. Como você vê o fato de que as pessoas estão sendo contratadas, não só no mundo das artes, pela projeção que elas têm nesse mundo paralelo que é o mundo das redes sociais?
Vladimir Brichta. Isso é terrível. Não tenho rede social, mas sei que perco até mesmo financeiramente com isso. E também deixo muitas vezes de participar do debate, apesar de achar que teria coisas para acrescentar como figura pública. Às vezes me pego pensando se não estou perdendo esse canal. Mas não quis pagar o preço de alimentar as redes sociais com uma das coisas que é mais valiosa para mim: a minha privacidade. Mas falo isso de um lugar privilegiado, de um ator pop que começou a carreira há trinta anos.
O quanto o surf ainda tem importância na sua vida? Costumo brincar que todo mundo precisa de um elemento alienador. O meu é o surf, depois a gente salva o mundo, mas antes me deixa aqui vendo um pouco de onda. É como se fosse um pouco aquela cenoura que o coelho corre atrás e nunca alcança, fazendo a esteira girar. O surf está sempre em um lugar distante que eu quero alcançar e para isso eu preciso estar bem, saudável e realizado profissionalmente. Já mudei corpo em função de trabalho, mas o que geral eu falo para os médicos é que não importa o corpo, mas precisa ser um corpo possível para surfar.
Neste mundo em que tudo é público como é para você, que trabalha com o corpo, envelhecer na frente de todo mundo? Quando você é uma figura pública, o envelhecimento é cobrado. Isso é pior quando você ocupa o lugar do galã. O elogio ou a pecha de galã não me incomoda. Eu sabia que era um lugar que poderia ocupar e que faria isso da melhor forma possível. Mas eu sempre achei que envelhecer, e envelhecer bem, é a melhor das opções: até porque a outra é parar por aqui. Como eu não tenho rede social, aquele comentário mais baixo, do anonimato, eu não encontro. O julgamento não chega até mim. Envelhecer não me aflige. O que preocupa é o que estou fazendo com esse meu tempo; isso é o que importa.
view more