#77 O CRIME DO PADRE AMARO, EÇA DE QUEIROZ - PARTE 8
João Eduardo recebe a carta de Amélia, desfazendo o noivado. Ele vai pedir ajudar para aqueles que ele chama de doutores, que são o advogado e o médico da cidade. O advogado é o dono do jornal, Godinho, que escorraça e proíbe que ele escreva outros artigos. Quando precisou do escrevente para publicar algo que alfinetasse o clero, achou bom, mas agora não quer se indispor com os padres. Agora que João pede para escrever novamente, Godinho diz que o jornal é de ideias, não pode ser transformado em jornal de difamações. Quando era do interesse dele difamar os padres, o escrevente veio a calhar. O advogado diz que o sacerdócio é indispensável numa sociedade bem constituída, mesmo ele não gostando da religião, como declarou num capítulo anterior, quando disse que era conveniente ter a igreja para ocupar as mulheres. A força da igreja vinha em parte desse comodismo das pessoas em achar que as coisas eram como eram e de temer mudanças, de temer pensar criticamente o papel do catolicismo naquela sociedade. João Eduardo se sente usado, faz uma leitura correta de que está nessa situação porque é pobre, mas ainda não enxerga que Amélia também quer o padre, e acha que precisaram convencer ela de desistir do casamento.
O médico, Gouveia, é um representante da ciência, do racionalismo. Ele tem na sala um retrato da coroação da Rainha Vitória, da Inglaterra, representante do anglicanismo. Cita a lei do mais forte para resumir a contenda entre João e o padre pela atenção da moça. Vê tudo em termos racionais e científicos, não se surpreende nem se assombra pelo fato de um padre roubar a noiva do outro.
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