#78 O CRIME DO PADRE AMARO, EÇA DE QUEIROZ - PARTE 9
Ainda no capítulo 14, numa parte que eu não li, o padre Natário encontra um livro de João Eduardo na casa de Joaneira, e avisa as beatas que por ter batido num padre, João está excomungado. E assim todos os objetos dele estão excomungados. Aí as velhas perguntam a Amélia por todos os objetos que o rapaz tivesse esquecido na casa, para queimar, num fanatismo beato. Reviram as gavetas de Amélia em busca de alguma outra coisa dele. Pegam os objetos com as pontas do xale pra não encostar e se contaminar. E todo esse fanatismo estimulado e assistido pelos padres, Dias, Natário e Amaro, que riam enquanto as mulheres atiravam os objetos ao fogo.
A empregada de Amaro adoece e quem assume é a irmã dela, Dionísia, uma personagem que tinha sido citada como a devassa de Leiria, que no passado teve amantes e que agora é considerada pelas beatas como uma perdida, porque não frequenta igreja. O nome das personagens não é por acaso. Dionísia lembra Dioniso, deus grego do vinho, das festas, do teatro, protetor dos que não pertencem à sociedade convencional, exatamente como é essa personagem, que não segue os costumes das outras de frequentar igreja. Dionísia é livre em relação ao seu corpo e seus desejos, não se submete ao discurso da igreja e consequentemente é menosprezada na cidade. Ela é considerada um antro de pecados pelas beatas, mas quem de fato é Dionísia? Uma mulher bem mais livre que as outras. Diante do fato de estar com ela como criada, surge a ideia de Amaro voltar a morar na casa de Joaneira.
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