#80 O CRIME DO PADRE AMARO, EÇA DE QUEIROZ - PARTE 11
O crime do padre Amaro é uma crítica aos setores conservadores da sociedade portuguesa, descreve os efeitos destrutivos do celibato em um padre de caráter fraco, e mostra os perigos do fanatismo em uma sociedade provinciana portuguesa. Esse livro abre o período realista em Portugal e faz uma sátira sobre o ideal romântico da paixão, dos enlaces idealizados. Queiroz volta a fazer sátira sobre os romances românticos em dois outros grandes títulos seus: O primo Basílio (1878) e Os maias (1888). Em todos eles, o autor está interessado em descrever grupos da classe média alta portuguesa, clerical ou aristocrática, e sua degeneração, corrupção e decadência. Ao ficcionalizar a realidade de seu tempo, Queiroz critica um idealismo romântico em que o desejo alienado impede a percepção de sinais denunciadores do que está inadequado.
Já nos últimos romances que escreveu, Queiroz optou por mais sentimentalismo, como é o caso do A cidade e as serras (1901). Geramente é ao contrário, né? A pessoa mais jovem escreve mais sentimentalmente, e conforme amadurece escreve de forma mais realista. Mas Eça de Queiroz foi fora da curva.
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