Michael Kohlhaas é uma história escrita no século XIX, mas ambientada no século XVI. É a história de um criador de cavalos que sofre uma injustiça, busca reparação no sistema judiciário e, não conseguindo, decide fazer justiça por conta própria, iniciando uma guerra que põe em choque as velhas práticas de justiça medieval e o direito moderno ao livre comércio. Então é uma história que contrapõe justiça medieval e direito moderno; feudalismo e formação de Estados Nacionais.
Uma das ponderações a que esse romance nos convida e que eu quero chamar atenção de vocês, é sobre até que ponto vale a pena buscar justiça, buscar reparação na justiça. E se, em alguns casos, alguns danos simplesmente não podem ser reparados e buscar justiça só aumenta a bola de neve de injustiças e de sofrimento. Neste romance, Michael sofre uma injustiça e se volta contra o sistema, se torna um fora da lei em busca de reparação pessoal, só que com isso ele gera uma série de injustiças para outras pessoas, que não tinham nada a ver com o caso dele, e acaba por perder tudo. Então, nessa história, a busca por reparação não compensou.
O autor Kleist foi uma grande influência para Franz Kafka, escritor tcheco do clássico A metamorfose, entre outros títulos. Esses dois escritores têm um estilo de escrita que lembra o estilo burocrático, a forma como documentos do campo jurídico são escritos. E a história de Michael Kohlhaas, que é o título e também o nome do protagonista, apesar de ser um livro escrito há 200 anos e da narrativa se desenrolar no século XVI, é super atual. Em essência, a condição humana e sua busca por justiça ou por reparação continua a mesma.
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