O Brasil atravessa um momento de crise ainda pouco percebido pela maioria da população, mas com efeitos visíveis quando o consumidor precisa adquirir um automóvel ou algum produto do setor agrícola. A escassez de matérias-primas e de bens intermediários vem impactando de forma significativa toda a estrutura produtiva até o comprador final.
No caso da agricultura, produtores brasileiros têm enfrentado um cenário desfavorável para conseguir fertilizantes. A crise energética da China, principal país exportador dos insumos, afeta também a cadeia mundial de suprimentos, elevando a demanda e influenciando, consequentemente, o aumento do preço das plantações, que deve ser repassado ao consumidor.
Já nas fábricas automobilísticas e de produtos eletrônicos o drama em torno da falta de insumos está ligado à escassez de chips eletrônicos. Esses componentes são fornecidos pela Ásia, onde há grande dificuldade na aquisição de cobre e de materiais plásticos. O resultado da crise se reflete nos números: segundo sondagem divulgada pela pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 12% dos fabricantes do setor tiveram que suspender parte da produção, no mês passado, dada a carência de componentes eletrônicos.
A falta de chips semicondutores é um exemplo disso. Sentindo os efeitos da escassez, a Honda suspendeu parte de sua produção de veículos nos Estados Unidos e Canadá. Já no Brasil, a Volkswagen anunciou que irá decretar férias coletivas para cerca de 800 trabalhadores, no interior de São Paulo. A companhia alega que a medida será aplicada “pela falta de componentes, principalmente de semicondutores, que vem sofrendo oscilações no fornecimento e dificultando a produção mundial de veículos”.
Além da escassez de insumos, o Brasil enfrenta também a falta generalizada de contêineres nos portos brasileiros, situação que tem atrasado, em vários dias, a exportação da indústria e do agronegócio. Segundo especialistas, a situação deverá ser normalizada apenas no segundo semestre de 2022.
No episódio do Estadão Notícias desta quarta-feira, a crise dos insumos será tema das análises do gerente de Análise Econômica da Confederação Nacional das Indústrias, Marcelo Azevedo, e do professor de economia do Cedeplar-UFMG e coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Desenvolvimento (GPPD), João Romero. Já a discussão sobre a crise nos portos brasileiros fica por conta do repórter do Estadão em Brasília, André Borges.
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Apresentação: Gustavo Lopes
Produção/Edição: Gustavo Lopes, Jefferson Perleberg, Ana Paula Niederauer e Shagaly Ferreira.
Sonorização/Montagem: Moacir Biasi
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