Depois de desrespeitar seguidas vezes as condições que lhe permitiam cumprir pena em regime domiciliar, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) recebeu com dezenas de tiros de fuzil e três granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem judicial de prendê-lo. De gravidade inédita, o incidente suscita uma série de perguntas ainda sem resposta, começando pela mais flagrante: “como um condenado tinha esse arsenal em casa?”, indaga Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista de política do g1. Em conversa com Renata Lo Prete, ela mostra como o evento de domingo desnorteou as milícias digitais a serviço de Jair Bolsonaro. De início, elas formaram uma espécie de corrente de defesa do criminoso - que, ao reagir a bala e desrespeitar o Supremo, nada mais fez do que seguir, de forma literalmente explosiva, a cartilha do presidente. Só que este, ao perceber o risco eleitoral envolvido, procurou se dissociar do aliado. Operação difícil, considera Sadi. “Ele esqueceu de combinar com a turma e deixou o bolsonarismo nu”, diz. Fora os rastros da ligação entre ambos, como o onipresente Padre Kelmon (prestador de serviços para Bolsonaro no primeiro turno, “negociador” na cena da rendição do delator do mensalão). A jornalista avalia ainda as semelhanças com o caso Daniel Silveira, outro petebista de extrema-direita condenado, ao qual o presidente concedeu perdão. Para Sadi, tudo indica que Bolsonaro se inclinava a fazer o mesmo com Jefferson, mas a campanha eleitoral e o atentado contra os agentes inviabilizaram esse caminho.
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