Na leitura de hoje, teve um fragmento em que o escritor José de Alencar alfineta os leitores brasileiros sobre preferirem os títulos estrangeiros e não darem tanta atenção à literatura nacional. Tava doído quando escreveu isso, o Alencar. E aí ele usa um recurso que é a intertextualidade, que é quando um texto cita outro, ou metatextualidade, quando um texto reflete sobre si mesmo ou reflete sobre o fazer literário, e cita Diva, um romance dele próprio, publicado em 1864 e que, junto de Lucíola, de 1862, e Senhora, compõe os perfis femininos de Alencar e está inserido na segunda fase do romantismo brasileiro, que foi a fase do ultrarromantismo, com mulheres e relacionamentos idealizados. Diva não é uma continuação de Lucíola, mas o narrador de um livro conhece o narrador do outro, como fica evidente pela epígrafe em Diva, uma brincadeira do autor com seus leitores. Quando cita Divana narrativa de Senhora, Alencar é irônico, porque se refere aos críticos da obra que, sem querer, atiçam a curiosidade dos leitores e acabam por recomendar o livro.
Numa parte que eu não li, a protagonista faz uma festa em casa e valsa com o marido. Eles estão casados há meses e nunca se encostaram. A tensão sexual entre eles e os rodopios da valsa fazem com que Aurélia desmaie. O ato de mulheres desmaiarem é muito comum nas narrativas românticas, que colocam as personagens femininas como seres suscetíveis às emoções, de forma que os sentimentos as afetam fisicamente. E qualquer emoção mais forte é motivo pra desmaio! Então a mocinha desmaiar é bem característico da segunda fase do romantismo.
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