O carioca conta como usou o teatro e a comédia para fugir das "nóias" da vida e diz não ter medo de perder a graça
“O humor é um jeito poderosíssimo que a gente tem de brigar, de dizer o que pensa.” Com um pé na tristeza e um na felicidade, o humorista Pedroca Monteiro utiliza a arte não só como ferramenta de mudar os outros, mas também como uma forma de combater os seus anseios interiores. Em um papo divertido com o Trip FM, o ator que é sucesso na internet falou mais sobre as suas “noiazinhas”, como o medo da morte e uma hipocondria leve. Isso, além de contar sobre o seu primeiro livro, “Ser o que se é”, um manifesto sobre a diversidade para crianças e jovens.
Pedroca nasceu no Rio de Janeiro, se formou em teatro na Casa Das Artes De Laranjeiras e atuou em novelas como Espelho da Vida” (2018) e “Quanto Mais Vida, Melhor” (2021). Hoje em dia, pode ser visto na série “Vai Que Cola”, no Multishow. Na conversa com a Trip, ele ainda comentou sobre sexualidade, dinheiro e mais. Confira um trecho a seguir, dê o play no programa completo aqui na página ou procure o Trip FM no Spotify.
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Trip. A gente tem entrevistado alguns humoristas e parece que sempre há neles esse lado mais melancólico. Isso é verdadeiro para você também?
Pedrosa Monteiro. O humor é um jeito muito inteligente da gente se salvar da nossa melancolia. Eu posso dizer que eu tenho conseguido equilibrar a minha alegria e minha tristeza, apesar de a vida inteira ter tido essa tendência a buscar onde poderia me encaixar. O humor sempre me salvou. No bullying, na escola, nas minhas relações em casa. É um jeito de fazer essa dobra no olhar e brigar, de dizer o que pensa de um jeito contundente e que, às vezes, a pessoa nem percebe que a gente está mudando o pensamento dela e apontando o erro. Foi uma maneira que encontrei também de burlar essa minha dificuldade de brigar com as pessoas.
Eu tenho pensado cada vez mais que a melhor maneira de conversar com uma criança é como um igual e seu livro mostra isso. Em quem você pensou quando estava escrevendo? Não tratar a criança como um ser inferior, não diminuir o pensamento e, principalmente, os sentimentos, é o mais importante. As crianças estão mais abertas para o mundo do que a gente. As pessoas não nascem preconceituosas. Quando eu escrevi “Ser o que se é”, eu pensei em mim quando criança, do que gostaria de ter ouvido, na liberdade que eu gostaria de ter tido, na credibilidade que gostaria de ter nas minhas ideias e sentimentos. Por se tratar de um livro sobre diversidade a gente tem enfrentado muito preconceito: as pessoas julgam só pelo tema e comentam coisas esdrúxulas. Isso só prova que livros assim precisam existir mais.
Você tem medo de perder a graça? O que eu tenho mais medo é de parar de achar graça das coisas. Quando a gente para de olhar o mundo com humor, a gente vai ficando triste e amargo. Esse lugar é perigoso. Enquanto estiver achando graças das coisas, eu vou. E vou feliz.
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