Presos sob o controle de uma empresa que atende a três grandes vinícolas da Serra Gaúcha, 207 trabalhadores foram libertados em uma ação da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a investigação, eles foram submetidos também a situações de tortura – espancados com choques e spray de pimenta – depois de serem aliciados na Bahia com a promessa de trabalho remunerado em Bento Gonçalves (RS). Não se trata de um caso isolado: em 2022, mais de 2,5 mil pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão. Coordenador da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas), Italvar Medina conta a Natuza Nery os detalhes da operação. Natuza conversa também com Natalia Suzuki, coordenadora do programa “Escravo nem pensar”, o primeiro do tipo em alcance nacional. Neste episódio: - Italvar relata como foi o resgate dos trabalhadores da região produtora de vinhos no Rio Grande do Sul: “Foram constatados condição de trabalho degradante, servidão por dívidas e trabalho forçado, com agressões”; - Ele afirma que o episódio das vinícolas gaúchas não é caso isolado, e que em outros ramos de atividade também é comum que grandes empresas patrocinem mão de obra escrava; - Natalia reforça que o trabalho escravo é “recorrente e constitutivo da forma de produção” de vários setores: “Temos falhado em resolver este problema de forma muito séria”; - Ela comenta a fala “absurda, racista e preconceituosa” do vereador de Caxias do Sul, que culpabiliza os trabalhadores pela condição a que estavam submetidos: “Infelizmente, esse discurso é recorrente entre os empregadores”.
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