Ao prometer a volta do Brasil ao centro da diplomacia global, Lula (PT) propôs a criação de uma comissão de nações independentes para negociar o fim do conflito. Desde então, manda sinais contraditórios ao cenário internacional. Nas reuniões da ONU, o Itamaraty votou pela retirada das tropas russas do território ucraniano. Diante dos microfones, Lula equiparou as responsabilidades de Putin e Zelensky pela guerra e disse que a decisão pelo conflito foi tomada pelos dois países - uma versão equivocada, que o presidente foi obrigado a esclarecer no dia seguinte. Para explicar as expectativas, os erros e os acertos da diplomacia brasileira na questão ucraniana, Julia Duailibi conversa com Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cerbi). Neste episódio: - O embaixador comenta o desejo de Lula fundar um “clube da paz” - e como as recentes declarações do presidente “claramente desqualificam o país como confiável para encontrar a fórmula da paz”; - Azambuja aprova o discurso brasileiro de “colaboração para a construção da paz”, embora nem sempre “com as ferramentas ideais” para atingir este objetivo. “O Brasil está no caminho certo, mas não pode se oferecer para ser mediador”, avalia; - Ele também duvida dos benefícios de uma eventual viagem de Lula à Ucrânia: “O Brasil não pode cair nas armadilhas de grupos em contradição e confronto”. Para ele, o país deve “atuar em um perfil mais baixo” e construir um discurso “sereno e preciso”; - Por fim, o embaixador afirma “categoricamente” que a diplomacia brasileira é mais influente sob o governo Lula em relação a Bolsonaro. “O Brasil voltou ao palco internacional e a ser um país com razão para se dar bem com todos”, conclui.
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