Chefe de Estado desde 2003 (quando a função ainda era desempenhada pelo primeiro-ministro), Recep Tayyip Erdogan saiu na frente na votação do domingo (14): com 49,51% dos votos válidos e maioria no Parlamento. Então favorito nas pesquisas e líder da coalização de seis partidos de oposição, Kemal Kilicdaroglu obteve 44,8% dos votos. Para analisar os rumos da democracia turca, e como ela reverbera na geopolítica global e no avanço da extrema-direita pelo mundo, Natuza Nery entrevista o economista Maurício Moura, sócio do fundo Zaftra e professor da Universidade George Washington, e Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadora do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo e uma das autoras do livro “O caminho da autocracia: estratégias atuais de erosão democrática”. Neste episódio: - Depois de passar 10 dias na Turquia, Maurício relata o clima de “engajamento, polarização e tensão” em cidades pequenas e médias e em metrópoles como Istambul e Ancara. Lá, ele visitou comícios da situação e da oposição, onde foi detido por policiais: “Dá uma noção do clima tenso que envolve política na Turquia”; - O economista explica como a inflação galopante, que já superou os 80% ao mês, age como “principal cabo eleitoral da oposição” nesta eleição, em contraponto ao “domínio da máquina pública” pelo grupo político de Erdogan. E embora Kilicdaroglu tenha também o apoio majoritário dos empresários, ele aposta na vitória do atual presidente; - Marina avalia a “força persistente” de Erdogan, que elegeu maioria no Parlamento turco, e chega ao 2º turno com mais de 2,6 milhões de votos de vantagem. Ela conta como ele conseguiu superar uma tentativa de golpe de Estado e “transformar a Turquia de parlamentarista em presidencialista” para se manter no poder; - A pesquisadora comenta os movimentos de “experimentação e exportação transnacional” de tecnologia política entre a rede de países alinhados à extrema-direita global – caso de Turquia, Hungria, EUA (sob governo Trump) e Brasil (sob Bolsonaro). E destaca o aparelhamento da educação, do espaço cívico e da segurança pública como ferramentas de “autocratização”.
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