Pela primeira vez no ano, o IPCA fechou um mês no negativo. Junho registrou queda de 0,08% na média geral de preços, puxado, principalmente, pelo comportamento dos alimentos (um recuo de 4% no consolidado de 12 meses) e dos transportes (devido à redução dos combustíveis). Resultado que tem impactos no acesso à alimentação para as famílias de baixa renda e também na autoridade monetária, mais pressionada para reduzir a taxa de juros. Para explicar as consequências da deflação na economia brasileira, Natuza Nery entrevista o economista André Braz, coordenador do núcleo dos preços ao consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV-RJ. Neste episódio: - André avalia que a tendência da inflação é acelerar, mas destaca uma “boa notícia”: “A alimentação deve seguir com variação próxima de zero ou até negativa”. Isso porque o momento é de “trégua” em relação aos impactos inflacionários dos últimos anos, como pandemia e guerra na Ucrânia - ainda que as safras de alimentos estejam sob o risco do fenômeno El Niño; - Ele projeta os efeitos do retorno integral dos tributos federais sobre os combustíveis na formação de preço geral da economia e analisa a fase atual na curva da inflação à luz do acumulado dos últimos 12 meses: “A renúncia fiscal do segundo semestre do ano passado rendeu forte queda de inflação”, afirma, sobre o pacote de medidas assumido pelo governo anterior nas vésperas da eleição; - O economista comenta a manutenção da taxa Selic no atual patamar de 13,75%, levando em consideração os ainda elevados preços do setor de serviços. “Apesar de números distantes da meta, o processo de redução da inflação está acontecendo, mas lentamente”, avalia. “Caberia corte de juros na próxima reunião [do Copom]? Caberia, talvez de 0,25, que é o consenso de mercado”.
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