Na noite de quarta-feira (9), o candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio foi assassinado a tiros ao fim de um comício em Quito, 11 dias antes da data da eleição. A execução, que foi reivindicada pela facção Los Lobos, pode mexer na corrida eleitoral, liderada por Luisa González (candidata do ex-presidente Rafael Correa). E, principalmente, evidencia como o narcotráfico ganhou poder, se infiltrou no Estado e provocou uma crise na segurança pública equatoriana. Para descrever esse processo, Natuza Nery entrevistou Thiago Rodrigues, professor no instituto de estudos estratégicos da UFF e autor do livro “Política e drogas nas Américas: uma genealogia do narcotráfico”. Neste episódio: - Thiago comenta o assassinato de Fernando Villavicencio a cerca de dez dias antes da eleição presidencial e à luz do “impacto do crime organizado sobre a esfera pública equatoriana”. Villavicencio se apresentava como o candidato anticorrupção e vinha denunciando a atuação de grupos criminosos: “Com sua morte, o efeito de desencorajamento contra o crime é enorme”; - Ele explica a “posição geoestratégica” do país no sistema internacional do tráfico: está entre os dois maiores produtores mundiais de cocaína (Colômbia e Peru) e é grande portal de saída das drogas para os EUA e Europa. “Os grupos locais ganharam relevância e, com a chegada de cartéis mexicanos, o país se tornou mais violento”; - Thiago conta como a “perda de controle do Estado” reflete no aumento dos crimes políticos, como se observa em países como Colômbia e México. “O caso mexicano é o mais dramático de todos e é o que mais pode ter semelhanças com o caso brasileiro”, avalia; - O professor analisa as diferenças e as semelhanças entre a atuação do tráfico de drogas no Equador e no Brasil. “Eles têm uma característica importante que é ter no sistema penitenciário o manancial onde se abriga e cresce o crime organizado”, informa. “E, ao contrário do Brasil, Equador e demais países dos Andes são gravitacionados pelo mercado americano”, contrapõe.
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