#101 AMAR, VERBO INTRANSITIVO - MÁRIO DE ANDRADE
Amar, Verbo intransitivo é a história de uma imigrante alemã que faz o trabalho de iniciação sexual de jovens. Ela é contratada por famílias abastadas de São Paulo, fica morando nas casas um tempo, no disfarce de empregada ou governanta, e cumpre o papel de ensinar esses garotos a fazer sexo. Baita história, né? Com essa obra, Mário de Andrade toca em uma série de questões tabu da sociedade paulistana da época em que o livro foi escrito, em 1927, quase cem anos atrás. A primeira recepção do livro achou um escândalo.
Andrade classificou o texto como “idílio”, que é um texto leve sobre amor. No texto de orelha da editora Agir diz que o romance tem cenas separadas graficamente, como cortes cinematográficos. O narrador é um alter ego de Andrade e, como o escritor, usa metáforas musicais, pela sua formação em Música, discorre sobre teorias literárias e faz crítica de arte, afinal ele publicava críticas. Ele narra como quem conta um filme enquanto tá assistindo o filme. O narrador usa linguagem coloquial brasileira, como frases começando com pronomes átonos. E também usa onomatopeias. Esse uso da linguagem era importante pra Andrade, era parte do que ele queria implantar na nossa literatura com o movimento Modernista. Andrade chamava esse jeito de falar de “linguagem brasileira”, usando as nossas expressões do dia a dia. E é um narrador que conversa com o leitor, que acessa o íntimo das personagens e também é íntimo do leitor.
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