Como determina a tradição, coube ao presidente brasileiro a abertura da Assembleia Geral da ONU. Nesta terça-feira (19), Lula subiu pela sétima vez à tribuna da sede das Nações Unidas, em Nova York - em 2005 e 2010, o então chanceler Celso Amorim representou o país. Lula concentrou suas falas em quatro eixos: o enfrentamento da fome, a necessidade de uma revisão da governança global, as ameaças à democracia e a urgência em combater as mudanças climáticas. Para entender o que mudou no discurso de Lula nestas duas décadas e como o mundo recebeu as falas do presidente, Natuza Nery entrevista Carlos Milani, professor de relações internacionais da UERJ, sênior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais e coordenador do Labmundo e do Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas, e Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quartely, brasilianista e analista de política latino-americana há 20 anos. Neste episódio: - Carlos chama a atenção para a insistência de Lula em temas que acompanham os discursos do brasileiro desde sua estreia na Assembleia Geral da ONU, em 2003: casos do combate à desigualdade e da reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “E, agora, a questão ambiental e, com muito mais força, a questão climática, que está vinculada com o tema do desenvolvimento econômico”, afirma; - Ele avalia que o presidente “cumpriu duas funções” ao destacar o combate ao extremismo e a defesa da democracia: mandar um recado para dentro do Brasil e outro contra “a onda conservadora” em todo o mundo; - Para Carlos, Lula acerta ao dizer “o Brasil voltou”, mas acrescenta que “voltou menor”, com menos relevância na economia global e após 4 anos de testes contra suas instituições democráticas. “Hoje o Brasil ocupa uma posição intermediária. O lugar que o país pode ocupar é o de criar pontes entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento”, resume; - Brian afirma que, ao se posicionar de forma equilibrada sobre temas espinhosos – caso da Guerra da Ucrânia – e se apresentar como um líder do Sul global, Lula fez um discurso que “agradou muito em Nova York, inclusive a seus críticos”. Ele comenta também sobre os encontros que o brasileiro terá com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e com Joe Biden, presidente dos EUA: “Há uma certa decepção, mas eles vêm a necessidade de trabalhar temas comuns com o Brasil”.
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