#104 AMAR, VERBO INTRANSITIVO - MÁRIO DE ANDRADE - PARTE 4
Andrade era um intelectual, não só entendido de literatura como de música, e encheu o texto de referências, nem todas acessíveis ao leitor mediano, sem tanta erudição quanto ele. Isso, por si só, não deveria ser motivo de crítica negativa ao romance de Mário de Andrade. Afinal, quando um texto é lotado de referências, algumas possibilidades de leitura se abrem. Ou a pessoa lê sem saber ou sem se dar conta dessas alusões, e aí absorve a história de forma mais rasa, mas ainda assim entra em contato com a narrativa proposta pelo autor. Ou a pessoa já conhece muitas das referências, se diverte com essas alusões e vai em busca de procurar saber ou entender as que ainda lhe são desconhecidas, e aí entra em contato com uma versão muito mais aprofundada do romance. Eu entendo que esse texto denso é na verdade um elogio do autor ao leitor, porque o autor confia na capacidade de decodificação desse leitor, que não precisa apreender tudo na primeira leitura, pode se divertir em descobrir mais na segunda vez em que pega o texto.
O uso de referências, de composição de textos densos, de diálogos com outros textos distantes no tempo e no espaço daquele local de publicação da obra é uma tendência do Modernismo, movimento do qual Andrade foi um dos precursores no Brasil.
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