Criada pelo alemão Bert Hellinger, a prática considera que cada pessoa precisa se manter em uma posição determinada dentro de uma família para que as relações sejam harmoniosas. A teoria leva em consideração 3 leis: do pertencimento, da hierarquia e do equilíbrio. Sem comprovação científica, a terapia é usada há mais de dez anos pelo Judiciário para resolver conflitos em Varas da Família. Na prática, a constelação familiar tem gerado controvérsias, com projetos em discussão no Congresso e em assembleias estaduais. Nesta semana, o ministro Silvio Almeida enviou um pedido ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos para debater possíveis abusos da prática. Para entender o que é esse tipo de terapia, como ela vem sendo usada pela Justiça e possíveis consequências, Julia Duailibi conversa com Silvia Haidar, repórter do jornal Folha de S. Paulo, e com Mateus França, mestre em Direito, que estuda o uso das constelações no campo jurídico brasileiro. Neste episódio: - Silvia explica o que é a técnica terapêutica que mistura psicodrama, o autoconhecimento e autoconsciência, e referências de zulus que viviam na África do Sul. “O criador se baseou em três leis do amor”, sem as quais criam-se conflitos familiares. E cita que o Conselho Federal de Psicologia destaca “incongruências éticas” na prática; - Mateus detalha como funciona a técnica: “o constelado, a pessoa cujo sistema familiar está sendo analisado”, o constelador, responsável por analisar a realidade do constelado, e os representantes, que cumprem o papel de dar vida até a pessoas mortas, sentimentos e objetos do paciente em análise. “Existem constelações em que o representante é uma pessoa, um boneco ou até animais”, relata; - Ele fala como a constelação é usada no Judiciário e o papel do juiz na mediação de conflitos. “Não existe um padrão de como é aplicado, o que é um problema”, diz. E analisa como o uso da técnica na mediação de conflitos "vai na contramão de vários avanços em matérias de direito da família”; - O pesquisador conclui sobre a necessidade de se debater o uso da constelação familiar em decisões judiciais. Para ele, em muitos casos o discurso da constelação reforça violências, “em vários casos ele coloca parte da responsabilidade no comportamento da vítima”, afirma.
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