Desde que o arcabouço fiscal foi apresentado pelo Ministério da Fazenda, a proposta de zerar o déficit primário já em 2024 foi recebida com ceticismo pelo mercado. Há meses, Fernando Haddad emprega esforços para aumentar receitas e equilibrar as contas da União, que esse ano vão ficar mais de R$ 100 bilhões no negativo. Até que na sexta-feira passada (27), o presidente Lula (PT) afirmou que será muito difícil cumprir a meta – o que abriu um descompasso com as falas de Haddad e gerou barulho no mercado financeiro. Para explicar as consequências da declaração do presidente na política fiscal do governo, Natuza Nery entrevista a economista Juliana Inhasz, professora do Insper. Neste episódio: - Juliana avalia que a meta “não é factível”: e que embora o governo busque novas fontes de arrecadação, ele também propõe mais gastos públicos. “É um governo mais caro diante de uma arrecadação que não cresce tanto assim”, resume; - Ela afirma que uma mudança na meta fiscal a essa altura faria com que o governo perdesse a credibilidade com os agentes do mercado e investidores. “Difícil desenhar cenário de Suíça para o Brasil. Ou seja, o mercado esperava um cenário mais realista”; - Juliana critica a “bateção de cabeça” entre ministro e presidente, sobretudo às vésperas da reunião do Copom que decidirá, nesta quarta-feira (1º), a taxa básica de juros: “Esse descompasso faz com que o mercado fique resistente e ruídos podem gerar pressões inflacionárias”; - A professora também comenta o papel do Congresso na busca por equilíbrio fiscal: “É muito perigoso. Pode haver um cenário de cada vez mais déficit”, conclui.
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