Aos 29 anos, a influenciadora digital Luana Andrade foi vítima de uma parada cardiorrespiratória, consequência de uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos. A morte de Luana trouxe à tona mais uma vez o risco ao qual milhares de pessoas se submetem em procedimentos de finalidade estética - uma realidade bastante brasileira; o país é o segundo no mundo no ranking de cirurgias plásticas. Para analisar essa cultura, Natuza Nery entrevista a psicanalista Joana Novaes, professora da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora do núcleo de doenças da beleza na PUC-RJ. Neste episódio: - Joana sentencia que o corpo define nossa posição de “ganhador ou perdedor” na sociedade: “Nossa aparência traduz a boa gestão que fazemos do tempo, do dinheiro e da produtividade”; - Ela comenta dois fenômenos: a onda de casos de quem arrisca a vida em cirurgias de fins estéticos e o crescimento dos movimentos a favor da diversidade dos corpos. “As redes sociais têm a dupla função de disseminar padrões estéticos e de servir como resistência e militância”, resume; - Joana também explica por que a busca por um corpo supostamente perfeito é uma questão de saúde pública e um “problema de classe e econômico”. “Não há transtorno dismorfo-corporal e alimentar que não seja dentro de um quadro compulsivo e depressivo”, afirma; - A psicanalista avalia que há uma sobreposição do “valor de mercado” dos corpos em relação ao “valor da vida”: “Nesse sentido, a banalização do risco das operações é sedutora”.
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