O placar do Senado registrou 53 votos a favor – apenas 4 a mais do que o mínimo necessário – e o texto que muda o sistema de tributos e impostos brasileiros foi aprovado na Casa. Ainda que o resultado tenha sido apertado e a versão final da proposta tenha mais exceções do que o desejado, trata-se de um feito do governo. Mas, internamente, cresce o atrito entre duas alas petistas: uma, liderada por Fernando Haddad, que busca uma política econômica mais austera; e outra, representada por Rui Costa, que quer mais recursos para gastos e investimentos. Para explicar o que tudo isso representa para o futuro do terceiro mandato de Lula, Natuza Nery conversa com Miriam Leitão, jornalista da TV Globo, GloboNews, jornal O Globo e rádio CBN, e Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, colunista do jornal Folha de S.Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Miriam e Celso concordam sobre a importância histórica da reforma. “Vários governos, de várias orientações ideológicas, já tentaram fazer. Então é uma grande realização”, lembra Celso. “O governo Lula tem o simbolismo de enterrar o sistema tributário imposto na ditadura”, afirma Miriam; - A jornalista também avalia que a aprovação é “uma grande derrota” para a oposição bolsonarista. “O ex-presidente foi a campo, falou com as bases e até o Ciro Nogueira (PP), ex-chefe da Casa Civil, votou a favor e elogiou a reforma”, lembra Miriam; - Celso relaciona a reforma a uma possível “tomada de consciência do establishment brasileiro” em prol de um modelo mais eficiente de capitalismo para o país. E Miriam alerta para a necessidade de incluir as mudanças climáticas e as pautas verdes na agenda econômica; - A dupla comenta ainda a rixa entre os ministros da Casa Civil e da Fazenda. Celso recorda que se trata de uma “coreografia previsível” - o mesmo acontecera entre José Dirceu e Antonio Palocci no governo Lula 1. Para Miriam, pior do que as intrigas de bastidores, foi a fala de Lula sobre o não cumprimento da meta fiscal em 2024. “Um ministro fraco não aprova as medidas dele, que são boas e vão acabar com privilégios na economia”, conclui.
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