Intermediate Portuguese With Portuguese With Eli
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Aqui está o monólogo para seu proveito:
Era um jantar de negócios. André, meu colega de trabalho, e eu chegamos no horário. O futuro parceiro comercial na nossa nova empreitada, não. Cristiano chegou com quase vinte minutos de atraso.
André e eu nos entreolhamos, mas ficamos de bico fechado. Pensei: não é porque começamos com o pé esquerdo que tenhamos de ir ladeira abaixo.
Como nossa empresa havia feito a cortesia de convidar, a conta era nossa. Cristiano parece ter visto isso como um sinal verde para comer até estourar, porque ele foi logo pedindo um pratão de churrasco, um vinho da casa e um monte de petiscos, tudo ao mesmo tempo. André parecia horrorizado. Eu mantive a compostura. Podia estar com fome, mas não ia fazer feio na frente de quem me garantiria um contrato milionário... e uma comissão gorda.
Tinha de, literalmente, comer pelas beiradas.
Enquanto comíamos, apresentei com o auxílio de um tablet nossas necessidades de expansão e investimento. André apenas olhava com desdém a falta de requinte de nosso convidado. Cristiano ora olhava o celular, ora nos ouvia, e, entre uma garfada e outra, lambia os dedos. — Cristiano, eu preciso que... — comecei a dizer, mas ele me interrompeu com um arroto.
André então não se aguentou.
— Seu Cristiano, isso são modos?
O rompante de André pegou Cristiano de surpresa.
— Desde que a gente chegou aqui, tudo o que o senhor faz é se lambuzar feito um porco e nos deixar de lado.
Cristiano então se recuperou do susto e disse com aspereza:
— Não sou eu que preciso de vocês.
Eita. Dei uma cotovelada em André e pedi ao Cristiano uma licencinha, porque tinha de conversar um bocadinho ali com o André.
— Você perdeu o juízo? Quer ir para o olho da rua?
— Antes o olho da rua que um chiqueiro com aquele imundo...
André permaneceu irredutível. — Qual é, André? Isso aqui por um acaso é algum jantar de gala? Vambora, dá pelo menos uma chance.
André anuiu, resignado.
— Já lavaram a roupa suja? — perguntou Cristiano quando voltamos.
André ia preparando uma resposta, mas eu intervi. Eu também já não aguentava mais a cara daquele sujeito, mas não podia cometer nenhum deslize.
Na hora do brinde, o André se fingiu de estabanado, derrubou a taça de vinho do Cristiano no chão na hora do brinde e ainda disse “não se preocupe, ainda dá para beber”.
Naquela hora, não me aguentei e ri. Já estava tudo perdido mesmo, então que se danasse a situação. Até aquele momento, tinha mantido um comportamento discreto e sóbrio. Mas joguei tudo para o alto e decidi fazer o que bem entendesse.
O resto do jantar transcorreu normalmente, se é que se pode chamar aquela barbárie de normal. Fui para casa, frustradíssimo. No outro dia, recebi um e-mail do meu chefe dizendo que o novo sócio tinha ficado tão impressionado conosco que decidiu fechar o contrato ali mesmo.
Fiquei embasbacado. Se havia algo a aprender com aquela situação, passou batido por mim.
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