Ator volta à novela "Renascer" mais de 30 anos após a primeira versão e divide suas memórias da infância e loucuras que já fez por um papel
Ao lado de Marcos Palmeira, Jackson Antunes é um dos dois atores na nova versão da novela “Renascer” que também participou da produção original, em 1993. Aos 63 anos, o artista, que também é escritor e violeiro, tem muito a contar. Ele nasceu no sertão mineiro e foi engraxate, pintor, letrista e ator de circo antes de chegar à televisão. "Fazia aulas de atuação de graça no Teatro Martins Pena, porque limpava o chão. A turma me abraçou porque gostava de me ver declamar cordéis de Patativa do Assaré, Zé da Luz, Tonho Sapateiro. O verso me salvou", conta. “A fama foi algo muito maluco. Ainda bem que o sertão me ensinou muita coisa. A seca me ensinou a separar a realidade da mentira. Não tivesse eu tomado cuidado, eu poderia ter achado que era aquilo tudo que se escrevia nas revistas."
Numa conversa cheia de riso, ele divide com o Trip FM suas memórias da infância, as loucuras que já fez por um papel e fala sobre dinheiro, música caipira e muito mais. Você pode conferir esse papo no play aqui em cima e também na página do programa no Spotify.
[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/04/662bc3eb5e2e3/jackson-antunes-ator-renascer-globo-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação / Globo / Fabio Rocha; LEGEND=Jackson Antunes; ALT_TEXT=Jackson Antunes]
Trip. Você aprendeu muita coisa com o professor Hermógenes. Como foi essa experiência?
Jackson Antunes. Ele foi o exemplo do homem bom. No sertão a gente tem uma relação muito próxima com Deus. Quando não há mais onde buscar forças, a gente olha pro céu. Minha irmã era assim, meu pai era assim… Se começasse a trovoar, minha mãe pegava o rosário. Me fez compreensivo diante das dores, das perdas, daquilo que não posso mudar. E o Hermógenes sempre disse que ele era apenas um veículo que processava a mensagem de Deus e colocava na literatura, então eu me dei muito bem com isso.
Quando adolescente, você foi ao Rio para ter aulas de atuação. Isso deu certo? Quando comecei, fiz aulas de atuação de graça na Martins Pena, porque limpava o chão. E todo dia tinha alguém que me levava para almoçar. A turma me abraçou porque gostava de me ver declamar seu Patativa do Assaré, Zé da Luz, Tonho Sapateiro, cordéis... O verso me salvou.
Como foi encarar a fama em "Renascer", lá em 1993? A fama foi algo muito maluco. Ainda bem que o sertão me ensinou muita coisa, as caminhadas indo e voltando para o rio, a fome. Ainda bem que a seca me ensinou a separar a realidade da mentira. Era muito forte. Não tivesse eu tomado cuidado, a minha vida tinha acabado ali, eu poderia ter achado que eu era aquilo tudo que se escrevia nas revistas.
E como é a sua relação hoje com dinheiro? Sempre fui muito inteligente com o dinheiro. Tenho um Fiat ano oitenta e alguma coisa. Que era bom ter o salário fixo da Globo, era bom. Mas conforto é uma merda, conforto nunca. Quando eu não estou fazendo um personagem, costumo colocar um cinto apertado, uns três furos a mais, pra sentir que tem algo incomodando. Quando tá muito confortável a gente esquece de fazer o check-up, quando tá muito confortável a gente acha que todo mundo é subordinado e trata o outro mal, deixa de olhar para o próximo, de ser criativo.
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