Durante a campanha, o então candidato ao comando da Casa Rosada não poupou ofensas contra o chefe de Estado brasileiro. Quando Javier Milei tomou posse, Lula não foi. A tensão entre os dois líderes já estava instalada, mas cresceu na última semana, quando o argentino foi o único dos presidentes dos países que integram o Mercosul a faltar à cerimônia que oficializou a entrada da Bolívia no bloco. E mais: em vez disso, Milei escolheu ir a uma conferência de políticos conservadores realizada no Brasil, a convite da família Bolsonaro. A desfeita escalou para o nível diplomático, e o Itamaraty convocou o embaixador brasileiro em Buenos Aires – o que, na linguagem das relações internacionais, significa que a interlocução entre os dois países não vai nada bem. Para explicar o status atual da crise na relação entre os dois países mais ricos e influentes da América do Sul, Natuza Nery entrevista Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na Argentina e na França, ex-secretário geral do Itamaraty e atual conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). “Precisamos concentrar todos os esforços nos canais competentes e deixar de férias a diplomacia de nível presidencial”, resume Azambuja.
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