Diretor do filme que foi a maior estréia nacional do ano dispara: "O assunto 'sexo' incomoda"
No último dia 25 entrou em cartaz o filme Bruna Surfistinha, que conta a trajetória da Raquel Pacheco, menina de classe média que fugiu de casa e se tornou a garota de programa mais famosa do Brasil. O filme foi a maior estreia nacional do ano e a sétima melhor dos últimos 20 anos, com mais de 400 mil espectadores apenas no primeiro fim de semana.
O diretor do filme Bruna Surfistinha, Marcus Baldini, explica o que o levou a querer contar a história de Raquel: "As pessoas se perguntavam 'mas o que tem na história dessa menina que vale a pena fazer um filme?'. A Raquel tem potencial de sex-symbol - ela é o símbolo da boa trepada no Brasil - e ao mesmo tempo é uma menina timida, brejeira... Foi isso que me interessou na personagem. Identifiquei isso no livro, e depois confirmei conversando com ela, e é isso o eixo central da trama".
Segundo conta, o projeto esteve cercado de preconceito desde o começo: "Quando foi aprovado o projeto, rolaram discussões, queriam me entrevistar questionando se devia ser investido dinheiro público nisso. Ou seja, uma série de pré-julgamentos que eu , por um lado, entendo. Mas o filme está ai pra mostrar pras pessoas que é muito difícil julgar a história de alguem de uma maneira superficial." "O Brasil é o país da insinuação. Se coloca como um país libertário, vende essa imagem sensual, essa coisa jocosa do brasileiro; mas tem uma caretice muito grande que controla os valores, existe uma moralidade muito grande. O sexo incomoda, e é um tabu muito maior do que falar violência, tortura e tráfico de drogas. O filme enfrentou muito preconceito pela temática, uma desconfiança maior do que se estivesse fazendo um filme sobre um torturador por exemplo."
Marcus aproveita para fazer um convite: "Tinha uma idéia pra um cartaz pro filme assim 'vá sozinha, vá com seu namorado, vá com uma amiga; só não vá com preconceito'. Gostaria que as pessoas fossem assistir ao filme, julgassem por si mesmas a história que estou contando".
Raquel Pacheco
Aproveitando a curiosidade em torno do filme, o Trip FM de hoje relembra uma entrevista feita com Raquel em dezembro de 2005, pouco tempo depois de lançar o livro O Doce Veneno do Escorpião, que a tornou conhecida em todo país. Ela falou sobre sua trajetória, namoro com um ex-cliente, dicas profissionais e outros assuntos picantes: "Não queria sair de casa pra passar fome. Eu toparia qualquer coisa pra ter dinheiro. Encontrei minha liberdade na prostituição"
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O Trip FM é transmitido na Grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado FM 92,9 MHz // Saiba mais //
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