Contrair dívidas não é algo desejável. Num mundo ideal, as pessoas pagariam tudo à vista, e não precisariam fazer nenhum tipo de compra parcelada. Entretanto, sabemos que isso nem sempre é possível. Às vezes queremos ou precisamos de algo que não podemos pagar no momento. Mas você sabe em quais casos vale a pena parcelar suas compras? Descubra isso ao longo desse texto!
Como funciona o parcelamento
Limite do cartão de crédito
Para parcelar uma compra você deve, primeiramente, ter um cartão de crédito. Cada banco ou financeira faz uma análise diferente do perfil do cliente para determinar a liberação do cartão. Uma vez definido esse limite, o valor total de suas compras do mês deve estar incluso dentro dele.
Todo cartão de crédito tem um limite, que é o valor máximo a que pode chegar a soma de todas as despesas contraídas pelo cliente. Muita gente confunde o limite do cartão com o valor da prestação. Vamos aproveitar para esclarecer.
Suponha que você tenha um cartão com limite de R$ 2.000,00. Se você já fez R$ 500,00 em compras, então seu limite estará em R$ 1.500,00. Suponha agora que você queira fazer uma compra no valor de R$ 1.600,00, parcelados em 4 prestações de R$ 400,00. Isso não será possível, pois o valor total excede o limite do cartão. Mesmo que o valor da prestação não exceda. Somente quando pagar pelo menos parte dos R$ 500,00 que deve é que seu limite voltará a aumentar.
Quem decide o valor e o número de parcelas máximo de uma compra é, normalmente, o estabelecimento, no chamado parcelamento lojista. Sendo assim, ao decidir parcelar uma compra em um estabelecimento, fique atento ao número de parcelas e ao valor de cada uma delas, para não ser pego de surpresa depois.
Autoconhecimento
O primeiro passo para saber se você deve ou não parcelar uma compra no cartão de crédito é conhecer-se. O parcelamento só é indicado para aquelas pessoas que têm um bom controle de seus gastos, de seus ganhos, e da sua capacidade de poupar. Um dos nossos posts aqui do blog ressalta a importância desse primeiro passo, e fala sobre os pilares da educação financeira: autoconhecimento, planejamento e disciplina.
Se você for do grupo de pessoas que não sabe nem para onde foi seu salário no fim do mês, parcelar suas compras certamente não é o melhor para você. Busque primeiro ter um controle financeiro, para só assim poder optar por, vez ou outra, dividir no cartão uma compra.
Caso você queira começar já agora, existem aplicativos que ajudam no controle financeiro, como o Guia Bolso. Além disso, nós temos aqui no blog alguns artigos que podem te ajudar a, por exemplo, economizar dinheiro evitando maus hábitos, e vale a pena conferir.
Analise o tipo de gasto
Um dos critérios que devemos utilizar para decidir se devemos parcelar um determinado gasto é avaliar é em qual tipo ou categoria ele se enquadra. Essa análise é importante para que o parcelamento não se torne um problema para você.
Algumas dessas categorias são:
Gastos urgentesTem coisa que não pode esperar, ou se pode, é melhor que não espere. Não estou falando aqui sobre uma roupa que você quer muito, mas sim, por exemplo, sobre um par de óculos de grau que você precisa comprar. Nesse caso, o melhor pode ser parcelar a compra ao invés de juntar o dinheiro necessário para sua aquisição e aguardar alguns meses.
Gastos periódicosEsses gastos são aqueles que você necessariamente terá de tempos em tempos. Alguns exemplos desses gastos são alimentação e produtos de limpeza. Parcelar esse tipo de gasto não é o mais indicado, pois no mês seguinte você terá que despender um dinheiro para eles novamente. Dessa forma você cria uma bola de neve, juntando o que deve pagar pela prestação passada com o que deve pagar por novas compras. O ideal é só parcelar compras que não têm essa periodicidade, e que, uma vez que você as faça, não tenha que fazer novamente tão cedo.
Gastos supérfluosDizer que algo é supérfluo não significa necessariamente dizer que não seja útil. Mas é preciso tomar cuidado e evitar maus hábitos financeiros! Alguns gastos se encontram nessa categoria, mas, pelo grande desejo que temos de adiantar sua aquisição, às vezes nos convencemos de que são necessários. Por exemplo, comprar um novo computador. Muitas vezes seu computador funciona perfeitamente bem, mas mesmo assim você quer um novo.
São nesses casos que entra aquilo que dissemos lá no primeiro tópico: conhecer-se. Se você tem um bom controle financeiro, mesmo que você parcele uma compra, não ultrapassará seu orçamento nos meses seguintes. Já as pessoas que não se controlam financeiramente poderão se perder em meio a parcelas e ter o limite do cartão comprometido. Para estas, a melhor opção é sempre tentar juntar o dinheiro por alguns meses até conseguir comprar à vista. Pode parecer contraditório sugerir que pessoas sem controle financeiro juntem seu próprio dinheiro. Entretanto, se você quer fazer um gasto grande para seu orçamento, em algum momento terá que pagar o valor completo. Ao invés de pagar várias prestações de R$100, que tal juntar todos os meses R$100 e só então, sem correr risco nenhum, fazer a compra?
Analise os juros
Em alguns estabelecimentos são cobrados juros pelas compras parceladas no cartão, e esses juros não podem passar despercebidos: na hora da cobrança já é avisado que o parcelamento tem juros. Entretanto, existem alguns juros mais escondidos, que nem todos percebem. São aqueles casos em que a loja afirma que não há juros para parcelar a compra, mas que existe um desconto caso você compre à vista. Convenhamos, desconto para pagamento à vista é praticamente a mesma coisa que juros para pagamento parcelado.
Existem ainda casos em que o preço à vista ou parcelado é o mesmo. Em cada um desses casos as opções do que fazer são diferentes. Vamos analisar cada um:
Compras parceladas com jurosAo se deparar com esse tipo de compra, você deve avaliar vários fatores: a sua necessidade daquele produto imediatamente (pode valer a pena juntar o dinheiro por mais tempo para, só então, adquirir o produto), sua capacidade de se organizar para não atrasar nenhuma parcela e comprometer seu orçamento futuro, entre outros. Por fim, depois de analisadas essas variáveis, analise a possível economia que você fará. Geralmente o melhor será pagar à vista.
Compras parceladas sem juros e com desconto à vistaEsse tipo de compra é semelhante à uma compra com juros: você gasta a mais parcelando do que gastaria pagando à vista. Entretanto, isso é uma estratégia dos lojistas que, ao invés de focar no que o cliente pagaria a mais parcelando, focam no que ele pode pagar a menos à vista.
Por exemplo: se você deseja comprar um produto que custa R$100, mas o comerciante afirma que, caso pague à vista, você terá um desconto de 10%. Nesse caso, é como se o preço real do produto fosse R$90 (R$100 – 10%), e, ao parcelar, você pagasse R$10 a mais de juros.
Compras parceladas sem juros e sem desconto à vistaEsse tipo de compra, dentre as 3 que tratamos, é a mais fácil de ser analisada. Se você não tem nenhum benefício por pagar à vista, pagar parcelado provavelmente será melhor pelo lado financeiro. Lembrando sempre, claro, de analisar os primeiros tópicos que abordamos no texto: você precisa ter controle financeiro.
Se você mantiver seu dinheiro em um lugar que tenha algum rendimento, sejam investimentos ou até mesmo poupança, esse dinheiro renderá ao longo dos meses em que você parcelou. Nesses casos, retirar o valor das parcelas mês a mês será mais econômico que já retirar o dinheiro todo de uma vez e pagar o produto à vista.
É bom ressaltar que, às vezes, até mesmo uma compra com juros pode ser mais vantajosa sendo parcelada. Isso ocorre em casos que esse rendimento mencionado no parágrafo anterior é maior que o valor dos juros. É raro, mas pode acontecer. Encontramos aqui um simulador que faz as contas de qual opção é mais econômica para você, e você precisa preencher apenas qual é o rendimento aproximado dos seus investimentos e quais são os juros do parcelamento.
O que fazer em cada caso?
Nos casos em que a compra fica mais barata à vista (ou porque a loja oferece algum desconto, ou porque cobra juros no parcelamento), geralmente é melhor comprar à vista, caso se tenha o dinheiro.
A única chance de esse tipo de pagamento não valer a pena é no caso de você conseguir manter seu dinheiro num lugar com um rendimento maior do que o valor do desconto à vista. Ocorre que nem sempre queremos fazer toda essa conta na boca do caixa para adquirir um bem barato. Nos casos em que a diferença entre seu rendimento e seu desconto seja bem pequena, as vezes a comodidade fala mais alto. É melhor pagar à vista do que ter de lidar mês a mês com parcelas que já te fazem começar o mês com uma dívida.
Entretanto, quando falamos de compras de valores altos, em que o rendimento mensal pode ser grande em relação ao desconto, parcelar vale a pena. Isso porque essas compras geralmente são mais pensadas e pesquisadas, então você pode fazer os cálculos antes, na sua casa.
Além disso, como foi dito anteriormente, nas compras em que o valor à vista e parcelado é o mesmo, geralmente é melhor parcelar.
Caso você opte por comprar o bem parcelado tendo o dinheiro na conta, precisa se comprometer a não gastá-lo. Só assim seu raciocínio de quanto esse dinheiro irá render fará sentido, e, assim, o parcelamento será a melhor opção. Se você acha que, tendo o dinheiro em conta, você irá gastá-lo, opte por comprar à vista.
Exemplo:Suponhamos que você queira comprar um sofá de R$5000 e tenha as opções de pagar à vista ou parcelar no cartão de 10 vezes sem juros. Ou seja, você pode se desfazer de R$5000 de uma só vez ou se desfazer de R$500 ao mês durante 10 meses.
Caso você escolha o crédito parcelado e deixe seu dinheiro por exemplo na Nuconta, que rende 100% do CDI, no primeiro mês teria pelo menos R$20 a mais. Sendo assim, depois de pagar sua primeira parcela de R$500 reais, ainda sobrariam R$4520 (os R$5000 iniciais, somados aos R$20 de rendimento, menos os R$500 da primeira parcela), e esse valor continuaria rendendo pelo mês seguinte. Depois de pagar a segunda parcela, restariam para você R$4039 para renderem pelo mês seguinte e assim por diante, durante os 10 meses do parcelamento.
Por fim, você teria mais de R$150 reais de rendimento economizados, apenas por ter escolhido parcelar no crédito.
Sabemos que R$150 é um bom dinheiro, mas, em relação ao total de R$5000, esse valor representa apenas 3%. Portanto, é fácil enxergar que, caso a loja oferecesse um desconto maior que 3%, todo esse raciocínio de deixar o dinheiro rendendo e parcelar cairia por água abaixo, e o mais vantajoso seria pegar o desconto.
Afinal, parcelar minhas compras é uma boa escolha ou não?
Depois de analisadas todas as situações acima, é possível concluir que em algumas situações parcelar sua compra é uma boa escolha. Tanto em momentos nos quais você não tem o dinheiro que precisa para pagar o produto, quanto em alguns momentos que você tem esse dinheiro mas prefere mantê-lo investido.
Por fim, a conclusão a que se chega é que, mais do que a economia de alguns reais, o que você deve levar em consideração como prioridade é sua saúde financeira. Parcelar pode ser bom, mas também pode te fazer se perder e acabar numa grande dívida. Portanto, tome muito cuidado!
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