#19 RECORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAÍAS CAMINHA, LIMA BARRETO, FINAL
No episódio de hoje, vimos que o jornal inflamou a população na questão dos sapatos a ponto de resultar em um motim. O jornal conseguiu com isso que os ministros atacados nas publicações fossem demitidos, abrindo cargos para funcionários do jornal no ministério. Floc, o crítico literário do O Globo, não recebeu cargo, esperando uma vaga de diplomata. Ele tinha dificuldade de escrever, faltava-lhe inspiração, e no final do capítulo 13 comete suicídio, dentro da redação. Isaías é encarregado de ir avisar o diretor, Loberant, em um prostíbulo. A partir de então, ele ascende no jornal, conseguindo novos cargos, espaço para atuar como repórter e para redigir artigos, além de cair nas graças do diretor, que passa a convidá-lo para jantares e farras. Isaías atribui a mudança de comportamento em parte ao flagra do patrão em um ambiente destoante de sua personalidade séria, mas em parte ao assombro de Loberant quando fica sabendo que Isaías teve mãe que lhe ensinou a comer com garfo e faca, recebeu educação e era articulado para se expressar e escrever. O narrador diz que essa parece ser a opinião de mais ou menos toda gente letrada do Brasil sobre pessoas de nascimento semelhante ao dele, ou seja, de pobres, pretos e mulatos. “Para ele, como para toda a gente mais ou menos letrada do Brasil, os homens e as mulheres do meu nascimento são todos iguais, mais iguais ainda que os cães de suas chácaras. Os homens são uns malandros, planistas, parlapatões quando aprendeu alguma coisa, fósforos dos politicões; as mulheres (a noção aí é mais simples) são naturalmente fêmeas.”
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