Jonathan Swift desenvolveu um estilo literário de sarcasmo que tem raízes no humor celta, que é um humor irônico, e está presente desde os primórdios da literatura celta, nos contos de tradição oral que foram compilados e escritos a partir do século IX, e que já tinham uma característica presente no humor irlandês moderno, que é a capacidade de rir de si mesmo, de usar o humor como crítica, e assim de criticar a si mesmo. Swift aperfeiçoa esse humor irônico irlandês, que consiste em satirizar um grupo do qual o próprio satirista faz parte. Ele já utilizava ironia para falar o que pensava de política e organização social em outros textos, como no famoso As viagens de Gulliver, em que o narrador tece elogios aos ingleses, mas de uma forma absurda, porque elogia hábitos ao mesmo tempo em que os ridiculariza, e demonstra o preconceito e os defeitos desse narrador como típico exemplar inglês, fazendo com que o leitor perceba que aquele discurso elogioso não pode ser levado a sério, que é bem o contrário. Isso é a sátira. Um formato de texto muito útil pra driblar censores porque à primeira vista elogia, mas de forma que o contrário do que está sendo dito possa ser decodificado pelos leitores mais perspicazes. Considerando que perspicácia geralmente não é uma característica forte em censores.
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