No nosso 42º Episódio, Vital Alves desenvolve a segunda parte de sua comunicação so-bre o pensamento político de Maquiavel que tem por título “Maquiavel: liberdade e cor-rupção política”. Segundo Vital, Entre as questões medulares que estruturam a filosofia política de Maquiavel observadas nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, verifica-se, por um lado, o secretário florentino confrontando diretamente as reflexões políticas suscitadas pelos gregos, romanos e humanistas cívicos acerca do valor da concórdia no âmbito político. E, por outro lado, ao promover esse confronto em relação à dissemina-da ideia de concórdia, Maquiavel apresenta a defesa, logo nos primeiros capítulos, de uma tese fadada a gerar alvoroço, ou seja, que “a desunião entre a plebe e o senado ro-mano tornou livre e poderosa a república romana” (Discursos, I, 4). Trata-se, [para o pes-quisador], de uma das teses mais ilustres e originais do pensamento de Maquiavel, mas, concomitantemente, uma das mais controversas dentro do panorama da história do pensamento político. Todavia Vital ressalta que, estranhamente, as discussões sobre o lugar ocupado pelos “tumultos” na “teoria do conflito”, desenvolvida a partir dessa tese, recebeu pouca atenção dos diversos intérpretes de Maquiavel até o século XX; pesquisas completas acerca do pensamento maquiaveliano foram produzidas sem se reportarem seriamente aos “tumultos” ou sequer os mencionaram em breves passagens. Partindo dessa constatação, o prof. Vital pretende analisar “a teoria do conflito” que ele considera um traço marcante no pensamento político de Maquiavel em contraponto à noção de concórdia cívica. Seu propósito, portanto, é valorizar a questão dos “tumultos” romanos e compreender como eles se inserem na órbita da referida teoria.
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