Os contos de fadas são histórias que guardam algum conhecimento de mundo, como o aviso de que corremos perigo, de que determinadas circunstâncias devem ser evitadas, de que devemos estar atentos para fugir da crueldade que nos cerca. Diferentes de narrativas modernas ou contemporâneas, os contos de fadas geralmente não têm nenhuma correspondência com a realidade, nem em relação ao espaço, nem à decorrência do tempo, nem às leis físicas que regem nossa vida, como a gravidade. Os contos se situam em lugar nenhum, “em um reino muito muito distante”, e em um tempo remoto, o tempo do “era uma vez”. Então nos contos de fadas podemos ter personagens voadoras, como as bruxas. Aliás, uma das características desse gênero literário é a presença de seres fantásticos ou mitológicos, como bruxas, duendes, fadas, ogros, animais e vegetais falantes, aparecimento e desaparecimento instantâneo de criaturas, encantamentos, feitiços, magia. Como Tolkien teria dito, o autor de O Senhor dos anéis, “os contos de fadas não se preocupam evidente e primeiramente com o que é possível, mas com o que é desejável”.
Claro que a interpretação de uma narrativa sempre depende da contextualização social. Os contos de fadas expressam a visão de mundo de quando surgiram e cada nova versão pode expressar a visão de sua época. Apresentam as orientações de moralidade de sua época e local, mudando e se transformando à medida que são reescritos. Muitos dos contos de fadas circularam oralmente entre os séculos XVI e XVII, e mais tarde foram escritos, sempre ganhando novas versões e mantendo alguns pontos. Eles são produtos da cultura na qual foram criados e estão inseridos. Muitos temas são recorrentes na maioria dos contos de fadas, porque alguns temas são universais, condizem com a realidade de todos os seres humanos, não importando a localidade em que os leitores se encontram ou a época. São contos em que a fantasia desafia a lógica, mas podem ter a intenção de ensinar algo, de fixar um valor. Os contos de fadas apresentam muitos níveis de significação, podendo ser interpretados diferentemente por crianças de todas as idades. Esses contos nos conectam imediatamente com a criança que há em nós.
Rumpelstichen é um conto de fadas sobre um duende, ou diabrete, em algumas histórias chamado também de anão saltador, que transforma palha em ouro para ajudar uma moça presa em um castelo. Mas, para fazer a transformação, ele sempre pede algo em troca. Nas duas primeiras vezes em que aparece, a moça o presenteia com joias, mas na terceira vez, não tendo nada de valioso para ofertar, o duende propõe receber o primeiro filho dela, caso se torne rainha.
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